[RESGATANDO NOSSA HISTÓRIA]- Materiais Jr

[RESGATANDO NOSSA HISTÓRIA]

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Materiais Jr

        A Materiais Júnior foi a primeira empresa júnior de consultoria em engenharia de materiais do Brasil. Fundada em 1999, a empresa conta com 22 anos de experiência no mercado e acumula “cases” de sucesso, já sendo até mesmo agraciada com prêmios. Nesse texto abordaremos um pouco mais da história desse projeto que é sinônimo de sucesso no DEMa e, para isso, entrevistamos Bráulio Salumão, que atualmente trabalha como supervisor de processos no Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais - CCDM e, durante a graduação, integrou a empresa júnior por um período de três anos e meio. Nesse sentido, nosso entrevistado relembrou seu ingresso no curso de Engenharia de Materiais da UFSCar em 2005, tornando-se membro da Materiais Júnior já no ano seguinte. O engenheiro relata também que assumiu a vice-presidência da empresa no ano de 2007, e, em função do seu bom desempenho e por almejar uma participação ativa na reestruturação da empresa, em 2008 tornou-se presidente do projeto. Durante a entrevista, Bráulio comentou sobre sua trajetória na Materiais Júnior e também sobre as diversas contribuições que sua participação no projeto  trouxeram à sua vida acadêmica e profissional.

        Comentando sobre os cargos de liderança que assumiu, Bráulio relembrou sua responsabilidade em auxiliar na rotina do projeto e supervisionar as demais pastas, sendo que esse acompanhamento das pastas era dever tanto do presidente quanto do vice-presidente. Ao assumir a presidência, a empresa cresceu, surgiram alguns membros novos, e então aqueles que já possuíam uma maior experiência dentro do projeto, assumiram cargos de diretoria, tendo como consequência uma maior autonomia na realização das atividades das pastas e uma maior organização dentro da empresa. Mas, em suma, os deveres desses cargos de presidência e vice-presidência envolviam organizar reuniões, efetuar boas tomadas de decisões relacionadas a investimentos e projetos, além de viabilizar recursos para a empresa. Outra situação relacionada a esses cargos de liderança era a oficialização de alguns documentos a fim de regularizar o projeto. Braulio também ressaltou que um presidente e um vice-presidente devem representar a Materiais Jr. juntamente com a coordenação do curso e a chefia do departamento, ou seja, deve ser uma conexão que viabiliza uma boa comunicação entre o projeto e a coordenação do curso, a fim de discutir sobre parcerias, atuar em cima de eventuais questionamentos relacionados à Materiais Jr. e estabelecer uma boa relação com todas as instâncias da UFSCar. O entrevistado também comentou sobre o Núcleo UFSCar Jr., que acabou se tornando parte do Núcleo São Carlos, uma organização que contempla empresas juniores, as quais cresceram tanto em número quanto em qualidade com o passar do tempo dentro da UFSCar.

        Questionado sobre como era a organização da Materiais Jr. em sua época, Bráulio afirmou que o projeto estava com poucos membros e que era necessário aumentar o tamanho da equipe: “Quando eu prestei o processo seletivo, em 2005, o projeto tinha cerca de 15 pessoas. Em 2006, ano em que entrei, éramos apenas 5.” O entrevistado disse que, antigamente, a Materiais Jr. possuía os cargos de presidência e vice-presidência, as pastas de Recursos Humanos e Marketing, além de uma pasta jurídica/financeira, que era responsável por questões administrativas e manuseio de recursos dentro da empresa. Ao assumir o cargo de vice-presidente, Braulio fundou as pastas “Projetos” e “Qualidade”: "Em minha gestão, criamos uma pasta focada exclusivamente na execução dos projetos. Além desta, foi criada a pasta de "Qualidade", que era responsável pelo controle de qualidade dos trabalhos realizados." Segundo ele, durante seu tempo na empresa júnior, o organograma da empresa seguia uma estrutura mais tradicional enquanto, atualmente, a estrutura do projeto se mostra mais dinâmica, sensata e inteligente.

        Bráulio nos contou sua visão sobre como a participação na empresa júnior lhe proporcionou crescimento pessoal e acadêmico. Um dos pontos citados foi o desenvolvimento da capacidade de comunicação assertiva: “[...] Você está no terceiro ano e precisa abordar um coordenador de curso para falar de um tema que pode precisar de um apoio ou patrocínio dessa pessoa. Só a experiência de passar por esse ‘frio na barriga’ e aprender a abordá-la já agrega […]’’ Outro aspecto mencionado foi o processo de gerir um projeto com pessoas de diferentes ideias e opiniões, que também foi uma fonte de aprendizado. Para o entrevistado, independentemente da escolha de carreira, conviver com outras pessoas é algo inevitável. Por isso, saber se organizar e se comunicar da melhor maneira é fundamental, e essas “soft-skills” são aprendidas na prática: “[...] Acredito que todas as atividades extracurriculares agregam nesse sentido, não temos tempo de carteira profissional, mas, de certa forma, já podemos considerar a experiência dos projetos de extensão.’’

 

        Após sua formação, Bráulio trabalhou na indústria, antes de retornar à Universidade para cursar um mestrado. Questionado sobre a influência da Materiais Jr. nessa decisão, ele respondeu que o contato com empresas e possíveis clientes fomentou a vontade de atuar nessa área: ’’[...] Uma das maiores feiras de profissões é organizada pela Poli Júnior, em São Paulo, e a empresa que eu trabalhei tinha um estande lá. Então, acredito que a Jr. influenciou no sentido de conhecer diversas empresas.’’

        Pensando na Materiais Jr. como uma organização profissional, podemos imaginar que ela também se desenvolve e evolui com o tempo, assim como seus membros. Por isso, Bráulio foi indagado sobre os principais pontos de evolução que ele enxerga da empresa desde sua saída. Nesse cenário, ele citou o fortalecimento do Movimento Empresa Júnior, uma vez que hoje há muitos encontros estaduais e nacionais com outras empresas enquanto, em sua época, aconteciam menos eventos de integração. Bráulio também acredita que esse movimento gerou conhecimento sobre gestões mais eficientes e melhorou a forma de trabalhar da empresa, além de aumentar a participação das empresas juniores na sociedade: ‘’[...] Eu noto um impacto muito maior em termos de projetos executados, quantidade de pequenas e médias empresas ajudadas, até mesmo impacto financeiro, revertido para a Universidade e que, de alguma maneira, retorna à sociedade’’. Com isso, ele crê que os líderes dos projetos hoje têm mais conhecimento e habilidades mais desenvolvidas do que aqueles de 15 anos atrás.

        Complementando sua visão, Bráulio aponta que a comunicação e a organização também evoluíram, visto que os membros se comunicavam via e-mail ou reuniões presenciais e hoje existem ferramentas muito mais dinâmicas. Para ele, esse dinamismo otimiza as gestões e reflete nos resultados, possibilitando que hoje vejamos a Materiais Jr. envolvendo mais pessoas, mais projetos e apresentando melhores resultados e soluções de problemas do que em outros tempos. Outro ponto de evolução observado pelo ex-presidente consiste em uma maior compreensão e difusão do conceito de empresa júnior entre os estudantes. Ele atribui esse fenômeno ao próprio sucesso da Materiais Jr. e de outras empresas juniores da UFSCar: “Nem todos os alunos conheciam o que era uma empresa júnior, pois existiam pouquíssimos sucessos nessa área. Muitas vezes, entravam pessoas na empresa sem ideia do que era feito lá. Por isso, conscientizar os  membros sobre o que era a empresa e com o que eles iriam trabalhar, além de mostrar como os trabalhos poderiam auxiliar positivamente no desenvolvimento profissional deles e auxiliar empresas na resolução de problemas era fundamental para manter a motivação da equipe.”

         Mesmo com momentos desafiadores, participar de um projeto de extensão é uma experiência enriquecedora e, ao superar tais adversidades, a sensação de dever cumprido é muito gratificante. Bráulio compartilhou conosco algumas passagens de sua carreira na Materiais Jr. que o marcaram nesse sentido. A primeira delas se deu no processo de regularização da empresa para a execução de projetos: “Foi preciso aprender um pouco de contabilidade, além das várias nuances burocráticas por sermos uma empresa júnior – entender quais taxas precisávamos pagar e quais eram as isenções. Acredito que hoje o conhecimento sobre essa parte seja mais difundido.” Nosso entrevistado se recorda, também, das ações realizadas para resolver questões financeiras da empresa: “Mesmo se tratando de um projeto sem fins lucrativos, existem custos para a manutenção da empresa. Para arrecadar fundos, costumávamos fazer eventos de capacitação, cursos e treinamentos – claro, com um preço acessível aos estudantes e com a única finalidade de custear nossas despesas.” 

        Pois bem, caros leitores, chegamos ao final de mais um texto da série “Resgatando Nossa História”, realizada em parceria com a DEMaEx! Durante a produção deste texto, consultamos docentes e ex-membros da empresa júnior em busca de informações sobre os fundadores; entretanto, não conseguimos localizá-los. Assim, convidamos nossos leitores a nos ajudar nessa missão: se você tem informações sobre algum dos fundadores da empresa, por favor, entre em contato conosco! Esperamos que tenham gostado deste passeio pela história da Materiais Jr. No próximo mês, ainda contemplando o ano de 1999, abordaremos a criação do CECEMM, até logo!