[RESGATANDO NOSSA HISTORIA]

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        Texto baseado no texto de comemoração de 25 anos do CCDM, disponibilizado pelo professor Guilherme Koga, do DEMa, que também nos ajudou na produção deste texto.

        O Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais - CCDM surgiu de uma  parceria com a UNESP em 1991(que se estendeu até o ano de 2006), quando o Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT abriu edital nacional (PADCT e FINEP) com a intenção da criação de um centro de pesquisa na área de materiais que pudesse prestar serviços a universidades, institutos de pesquisa e empresas. O investimento inicial para o projeto foi de US$4.560.000,00 e aconteceu no ano de 1993. Essa verba foi destinada principalmente à compra de equipamentos analíticos de última geração, para a realização de ensaios de caracterização química, física e microestrutural de materiais metálicos, poliméricos e cerâmicos. A inauguração do CCDM aconteceu no dia 16 de março de 1995, e os principais desafios enfrentados na época foram a obtenção de recursos para manutenção dos equipamentos, do pessoal e do desenvolvimento das atividades em si.

        Dentro da Universidade, o CCDM fazia constantemente parcerias com professores, pesquisadores e alunos, mostrando assim, a toda a comunidade acadêmica, que as atividades desenvolvidas dentro do Centro se alinhavam à visão de uma universidade pública. Porém, havia a noção de que não seria possível sustentar suas atividades sem a existência de recursos financeiros, e foi por isso que o CCDM passou a buscar clientes nas indústrias. Para iniciar as suas atividades de prestação de serviços tecnológicos, consultorias, treinamentos especializados, pesquisas, desenvolvimentos científicos e tecnológicos, projetos integrados e atualizações tecnológicas em caracterização de materiais (cerâmicos, metálicos, poliméricos e compósitos), o CCDM desenvolveu ações estratégicas e operacionais. A partir de 1996, todas as etapas desenvolvidas sempre foram definidas através dos Planejamentos Estratégicos quinquenais, e a partir de 1998 através dos desdobramentos anuais dos Planejamentos Estratégicos que são realizados pelo GPD - Gerenciamento Pelas Diretrizes, onde são discutidos os resultados do ano anterior e as diretrizes do ano com ênfase nos objetivos, indicadores de desempenho, metas, frequência e responsabilidades.

        A principal competência do Centro em seus anos iniciais, tinha como base seus equipamentos de última geração, e por isso a manutenção, tanto preventiva como corretiva, era uma necessidade primordial —  para se ter uma ideia, em 1995, os custos com manutenção representavam 30% dos custos do CCDM. Para os dois anos iniciais firmou-se que a empresa vencedora da licitação garantisse o treinamento de duas pessoas e a manutenção do equipamento. Posteriormente, em março de 1997, o CCDM obteve o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que disponibilizou uma verba de R$ 1.750.000,00. Essa parceria ocorreu através de um projeto de apoio à comunidade científica das universidades e institutos de pesquisas governamentais, os quais teriam os preços de seus trabalhos de pesquisa realizados no Centro reduzidos em até 70%, e se estendeu pelos próximos 5 anos. Para a operação dos equipamentos e prestação dos serviços, eram necessários especialistas, principalmente com experiência industrial. Com esse apoio do RHAE / CNPq foram concedidas 29 bolsas e auxílios, viabilizando a contratação de especialistas nas técnicas e equipamentos, os quais se juntaram a equipe já constituída de 2 professores da UFSCar e 2 administrativos pagos pela UNESP – FUNDUNESP. Uma das importantes novidades em 1997 foi o início da realização de cursos abertos pelos colaboradores do CCDM em parceria com professores do DEMa, um novo produto, destinado ao treinamento e atualização científica e tecnológica de profissionais e estudantes. Como exemplo, em 1999 foram realizados 29 cursos com 528 alunos.

        Em 1998 foi criada a Gerência de Desenvolvimento Mercadológico visando conhecer a demanda dos clientes do Centro e adequar sua gestão, infraestrutura e RH para o sucesso do cliente. Para isto eram realizadas visitas às empresas, os clientes visitavam o Centro para conhecer suas instalações e atividades, além de aumentar a divulgação através de informes eletrônicos, publicações na imprensa e em revistas, “home page”, “folders”, e através de participação com “stand” em feiras e congressos na área de interesse. Outro destaque importante a partir do ano 2000, foi a viabilização de contratos de longa duração com clientes frequentes do Centro, tornando mais estáveis os resultados financeiros do CCDM que ainda eram dependentes do apoio do CNPQ e RHAE.

        Com levantamento de dados, a partir da sua inauguração até julho de 2000, o CCDM tinha beneficiado mais de 550 pesquisadores, sendo 230 destes pertencentes ao DEMa / UFSCar. No total, foram realizados mais de 137 trabalhos de iniciação científica, 195 dissertações de mestrado, 193 teses de doutorado e 25 trabalhos de pós-doutorado. Além disso, foi também resultado da utilização da infraestrutura do Centro a produção científica nacional e internacional de mais de 700 trabalhos, divididos entre publicações completas em revistas, trabalhos completos em congressos, palestras, seminários, e “posters” em eventos. Com foco na excelência da gestão, o CCDM inicia seu Programa de Gestão da Qualidade a partir de 1997 através do programa de Metodologia da Gestão Total - MGT, com apoio da Fundação CERTI e CNPq, com enfoques na Gestão do Planejamento Estratégico, na Gestão da Qualidade, na Gestão do Ser Humano e na Gestão da Inovação, visando o sucesso e a satisfação o cliente.

        Em 1999 iniciou-se o processo de implantação da norma NBR ISO/IEC 17025:2001 em ensaios na área de materiais cerâmicos e, em julho de 2002 obteve-se a acreditação junto ao INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial,e dessa forma o CCDM passou a integrar a Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios (RBLE). Com objetivo de ter a oportunidade de participar do Programa Nacional de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis feito pela ANP – Agência Nacional de Petróleo, no ano de 2000, o CCDM cria com recursos próprios o LabCom – Laboratórios de Combustíveis, iniciando o convênio com a ANP, em parceria da UNESP com vigência de janeiro de 2001 até outubro de 2006. A partir daí as atividades do LabCom são intensificadas gradualmente. Destacam-se ainda em 2000 a organização e promoção do I ENTIM - Encontro Nacional de Tecnologia e Inovação em Materiais, e a ampliação dos laboratórios do CCDM com uma nova área de 270 metros quadrados para instalar os laboratórios de análises de pisos e revestimentos cerâmicos. Para a realização do Encontro e ampliação dos laboratórios o Centro utilizou recursos próprios.

        Em função da demanda de seus clientes, iniciou-se em 2001 a implantação de um sistema de gestão da qualidade para atender a norma ISO 9001:2000, o qual em julho de 2002 foi auditado e certificado pela ABNT, para atuação em consultorias, treinamentos e ensaios laboratoriais, nas áreas de materiais metálicos, poliméricos, cerâmicos e combustíveis. Também em 2002 foi homologado pela ANATEL a realização de ensaios e testes de cabos e cartões telefônicos pelo Laboratório de Polímeros. Atestando sua competência técnica para realizar ensaios na área de implantes ortopédicos nos laboratórios de metais e polímeros, o CCDM foi avaliado e recebeu sua habilitação pela ANVISA / REBLAS - Agência Nacional de Vigilância Sanitária / Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos da Saúde, no ano de 2003. Porém, apesar do crescimento contínuo das suas atividades, este período foi marcado por incertezas, pois o CNPq e RHAE não renovaram os convênios. Com isso, o Centro teve que assumir todo seu custeio de gestão, infraestrutura e recursos humanos. Até meados de 2003 o Centro não era autossustentável e houve a necessidade de reestruturação organizacional para sua sobrevivência.

        Com intensa participação de seus profissionais, o CCDM passou por um período chamado fênix, em que profissionalizou seus recursos humanos através de treinamentos, implantação de planos de cargos, salários e benefícios, alavancando assim os resultados e as atividades. 


        A partir dessa capacitação, o Centro inicia a prospecção de novos clientes para prestar seus serviços tecnológicos, atingindo, em 2004, mais de 2300 clientes. No mesmo ano foram qualificados ensaios nas áreas de Tubos Poliolefínicos e Polímeros pela Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos, além da qualificação para realização de ensaios da qualidade de sistemas filtrantes de água potável pelo Instituto Falcão Bauer, credenciado pelo INMETRO.


        Já em 2005, o CCDM recebeu acreditação do INMETRO e reconhecimento da REMESP - Rede Metrológica do Estado de São Paulo nos ensaios de Tubos e Conexões Poliolefínicos da área de polímeros e em ensaios de cerâmicas, metais e polímeros. Também iniciaram-se os cursos de pós-graduação Lato-sensu em Gestão de Materiais para Implantes Ortopédicos e, em 2006, o Ministério da Saúde liberou R$ 1.466.000,00 para a ampliação do Laboratório de Avaliação de Materiais para Implantes Ortopédicos, levando este ao posto de referência nacional na área.


        No ano seguinte, o CCDM era considerado um dos principais ofertantes de serviços técnicos especializados do estado de SP. O período de 2007 a 2011 foi o auge do Centro, pois nele foram aprovados diversos projetos institucionais e ampliadas as atividades por conta do aumento dos serviços e receitas, o que exigiu o aumento da infraestrutura de laboratórios e do número de pessoas e suas capacitações, além da reformulação de outras áreas internas.


        Os resultados provenientes dessas atualizações permitiu o investimento com recursos próprios de R$ 1.900.000,00 na construção de um novo edifício com 1200 m² para novos laboratórios, o qual foi inaugurado em 14 de maio de 2009.


        Em fevereiro de 2010, o CCDM conseguiu a aprovação junto a Petrobras de 2 grandes projetos para atualização e aquisição de equipamentos e a construção de mais um edifício, totalizando quase R$19.000.000,00. A Universidade demorou para definir o local da instalação dos novos laboratórios, então, em 2012, o projeto foi descontinuado e em agosto de 2015 houve a devolução dos recursos. Esse fato gerou grande desconforto na relação com a reitoria da UFSCar.

        Entre 2012 e 2016, o CCDM se encontrava em crise, com a descontinuidade de grandes projetos. Alternativas como a reabertura de outra unidade em uma região de maior demanda foram colocadas em prática, mas sem sucesso. Era necessária uma reestruturação, com a diversificação das atividades, no sentido de manter os clientes que restaram, e conseguir cobrir a necessidade de mais possíveis clientes.

        Era evidente que, se não houvesse mudanças, seria necessário fechar o Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais. Mudanças como o aumento da prospecção de projetos de PD&I institucionais com empresas, a junção de serviços tecnológicos com a pesquisa, a ampliação das competências, a reestruturação da estrutura organizacional, e da administração, a redução de custos, o atendimento mais rápido aos clientes, a melhora nas relações que do CCDM, e a reativação de ações de marketing foram sendo implementadas, mas ainda sim, faltava alguma coisa.

        Em meados de 2019, foram definidas duas estratégias principais de recuperação do CCDM, e visando o longo prazo, e estas eram voltadas para a sustentabilidade financeira, e para a transição da liderança. Assim, a estrutura de gestão, processos e organização passaram por uma revisão, para que fosse possível se ajustar à realidade financeira do momento, e planejar e garantir, por meio de vendas de serviços tecnológicos, a sustentabilidade financeira a curto, médio, e longo prazo. Com os planos de sucessão, a ideia era que essa sustentabilidade fosse mantida a médio e longo prazo. Então seguindo essas estratégias, já observou-se o crescimento do Centro ainda naquele mesmo ano de 2019.

        Com  a infortúnia surpresa de uma pandemia global em 2020 o CCDM, assim como a grande maioria das organizações, foi severamente afetado. Sobre o tema, o atual diretor do CCDM, professor doutor Guilherme Koga discorre: “Foi necessário que se interrompesse as atividades durante 01 mês, para a elaboração e a implementação do protocolo de combate à Covid. Com muita dedicação e responsabilidade do time CCDM, conseguimos retornar às atividades em segurança, assegurando serviços tecnológicos com sustentabilidade social e econômica.” E ainda comenta que: “Os principais desafios certamente foram relacionados à pandemia e à sustentabilidade econômica durante a crise sanitária, mas também à econômica que ainda persiste. Houve também uma troca de gestão nos últimos 02 anos. Com um protocolo robusto de combate ao Covid e investimentos em infraestrutura, equipamentos e pessoas, seguimos transformando conhecimento em soluções inovadoras na área de materiais em benefício da sociedade.”

        E há ainda o tema da atual conjuntura do CCDM e como ele atua em prol do mercado e da ciência de materiais brasileira: “O Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais (CCDM) possui 27 anos de tradição no atendimento de indústrias, institutos de pesquisa e universidades, reconhecido pela agilidade, eficiência e qualidade das análises. Trata-se de um centro que possui equipe altamente qualificada, com engenheiros e técnicos exclusivamente dedicados à Prestação de Serviços de Ensaios Laboratoriais, Consultoria, Identificação e Análises de Falhas em materiais, além do Desenvolvimento de Produtos e Processos na área de Materiais. Possui equipamentos modernos e periodicamente calibrados, além de um Sistema de Gestão da Qualidade com o objetivo de assegurar a confiabilidade, a qualidade dos serviços prestados e a satisfação de nossos clientes, com as acreditações ISO 9001 e ISO/IEC 17025 mantidas desde 2002.”