[NOTA DO JORNAL A MATÉRIA: PODER DE ESCOLHA E COERÊNCIA]

_Textos Edição (1).png

[NOTA DO JORNAL A MATÉRIA: PODER DE ESCOLHA E COERÊNCIA]

Dia 2 de outubro bate às portas. Mais do que um momento de lutas partidárias e ideológicas vivemos um momento de decisão. A primeira definição que o dicionário Michaelis apresenta para o verbo “decidir” é “apresentar julgamento final a respeito de algo”. Nessa ótica, as eleições têm esse poder, já que é o momento em que o cidadão analisa tudo o que vêm sendo feito na política e faz sua escolha seguinte: continuar no mesmo ou buscar algo novo? A escolha entre permanecer ou virar a página é individual, mas o que nós, estudantes, temos visto? O que nossos representantes políticos têm feito por nós? Qual a nossa posição a partir de agora?

A universidade pública federal é, além de instituição de ensino, uma instituição que propaga o fomento da ciência, somando-se a realização de pesquisas e avanços tecnológicos. Logo, torna-se incoerente que possíveis beneficiamentos à candidato sucateador e negacionista, sejam concedidos por nós. 

Ao longo dos últimos anos, as instituições públicas estão sofrendo, cada vez mais, com os cortes de verbas. A fim de exemplificar, podemos tomar, como base, dois acontecimentos do ano vigente: corte de 220 milhões de reais em instituições federais de ensino superior e previsão de déficit orçamentário de 14 milhões de reais para Universidade Federal de São Carlos, UFSCar. O que justificaria a realização de cortes, que comprometem o funcionamento das instituições, se não a tentativa de legitimar a privatização das mesmas instituições que serão, previamente, sucateadas? 

Ademais, o mundo, infelizmente, teve que presenciar, em 2020, a chegada de um nova pandemia. Devido a pandemia e a ameaça presente, todas as instituições de pesquisa do mundo se mobilizaram em prol da vacina. Contudo, quando a vacina ficou disponível no mercado e, além disso, foi ofertada ao governo brasileiro, o atual chefe do executivo propagou o negacionismo em relação à vacina e ignorou ofertas realizadas pelas empresas. Observamos, portanto, um desvio de tudo o que nós, comunidade acadêmica e científica, acreditamos. O preço do desvio, anteriormente destacado, foi, com extremo pesar e infelicidade, a perda de cidadãos brasileiros.

Nesse período de eleição, quando pensamos na escolha de um candidato ou candidata para depositar a nossa confiança, o mais correto é que as suas propostas estejam alinhadas com os nossos interesses, sejam eles individuais ou coletivos. As propostas são muitas e abrangem muitas áreas da sociedade, mas existem aquelas principais que direta ou indiretamente se relacionam com todas as outras áreas. Uma delas é a educação. 

Talvez, para um estudante e um professor, olhar atentamente os projetos direcionados à educação seja algo natural, pois eles estão ali, todos os dias, vivenciando as dificuldades, tentando contornar as barreiras e lutando para que um dia ela se torne prioridade e seja melhor em condições e qualidade. Mas será que para o resto da população, e principalmente, para aquelas pessoas que escolhemos para governar o nosso país, essa é uma verdadeira preocupação?  

Os cortes e bloqueios de verbas que aconteceram nas Universidades Federais pelo Governo Federal, sob mandato do Presidente Jair Bolsonaro, afetam toda a estrutura da instituição e mais, toda a sociedade, sem que ela se dê conta disso. Com a falta de verba, as atividades dos próximos semestres de muitas Universidades, inclusive da UFSCar, estão em risco de não continuar, assim como os programas de permanência estudantil, extremamente importantes.

Mas por que tirar dinheiro das Universidades? Bom, os questionamentos devem ser bem mais complexos do que esse. Na verdade, a quem interessa restringir o acesso à educação? Por que o interesse em acabar com as Universidades Públicas? Por que sucatear a educação? Por que o pensamento crítico incomoda e a quem incomoda?

Os bloqueios e cortes não são as primeiras e únicas ações contra a educação. Existe um interesse por parte dos aliados do Governo de Bolsonaro pela aprovação da PEC que autoriza a cobrança de mensalidades em universidades públicas, por exemplo. 

E o que nós fazemos?

As eleições são oportunidades que temos de exercer o nosso direito de cidadão, escolhendo representantes que estarão à frente do país criando e aprovando leis, definindo o orçamento e a distribuição de verbas. Portanto, cada voto deve ser pensado de forma consciente.

É o nosso direito como cidadãos votar e é o nosso dever eleger candidatos que estejam realmente comprometidos com a educação e com os seus agentes.