Materiais Inovadores: Cimento capaz de Gerar Luz

Materiais inovadores - cimento capaz de gerar luz

        Essa semana o Jornal A Matéria volta novamente com a coluna Materiais Inovadores. O texto de hoje é sobre o desenvolvimento de um cimento que emite luz!

        De uns anos pra cá, o meio universitário vem formando engenheiros e cientistas de modo a fazê-los pensar sobre como impactam o meio ambiente através de seu trabalho, desafiando-os a pensar em formas de aperfeiçoar materiais, produzir energia limpa ou gerar resíduos menos poluentes. São inúmeros os empecilhos em nosso planeta que demandam soluções dos atuais e futuros engenheiros de materiais, enquanto as inovações avançam cada vez mais, propondo respostas e até mesmo novos questionamentos para essas problemáticas.

       Foi dentro desse ambiente universitário de inovação que o Dr. José Carlos Rubio Ávalos da UMSNH de Morelia (Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo, no Mexico) desenvolveu o cimento capaz de emitir luz. Tal material propõe vasta versatilidade, principalmente na área da construção civil, adotando formas de economizar energia luminosa. Alguns exemplos dessa aplicação são: fachadas de imóveis e prédios; sinalização de transito, tal como entrada de túneis - podendo ser controlada a intensidade da luz para não atrapalhar motoristas, ciclistas e transeuntes -; e, por exemplo, locais que não tenham acesso à rede elétrica, já que seu modo de abastecimento se dá apenas pela recarga da luz através de exposição pela mesma.
Esse cimento pode emitir luz por até 12h dependendo do quanto foi exposto, e além desse benefício podemos ressaltar sua facilidade de reciclagem e grande resistência e durabilidade, podendo chegar a estimados 100 anos de vida útil. Esses benefícios decorrem de seus materiais e seu modo de fabricação, que ocorre através de um processo de policondensação de sílica, areia de rio, resíduos industriais, álcalis e água, o que nos leva a outra vantagem: este processo é feito à temperatura ambiente, não necessitando de fornos de alto consumo de energia, o que repercute na baixa poluição atrelada à sua produção, diferente de outros cimentos mais comuns.

        Segundo Carlos Eduardo Marmorato Gomes, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os materiais translúcidos, como areia e sílica, na composição são os responsáveis pela translucidez, o que facilita com que a luz penetre o material: “O quartzo, que é uma sílica, permite isso. Já a fosforescência vem de um resíduo industrial”. E acrescenta: “A eliminação da radiação absorvida durante o dia é feita à noite. Esse atraso pode ser obtido com a própria composição inerente do material”.
Apesar dos inúmeros benefícios, no quesito comercial o cimento que emite luz não é o mais vantajoso, já que tem custo estimado de US$ 200 por metro quadrado, superando muito o valor de cimentos mais comuns como o Portland, que em média custa R$ 27. Uma proposta de Gomes para esse quesito seria a aplicação do cimento Portland e por cima uma fina camada do cimento fosforescente.

        Vale colocar na balança suas diversas vantagens comparadas a seu custo. Num futuro próximo, é possível que vejamos a diminuição do seu preço de mercado, afinal os estudos sobre esse tipo de cimento translúcido continuam não só no México como na Alemanha, Inglaterra e Holanda. Podemos dizer que já é possível ver a Luz no fim do túnel.