Materiais Inovadores: Magnetismo na Luta Contra o Câncer

Magnetismo na luta contra o câncer


        Nesta semana, falaremos sobre o uso do magnetismo na luta contra o câncer. Essa utilização nada convencional das propriedades magnéticas dos materiais, chamada de hipertermia magnética, permite uma grande redução dos efeitos colaterais do tratamento devido à ação localizada de nanopartículas.
        Em oposição aos tratamentos quimioterápicos convencionais, pesquisas são conduzidas para o desenvolvimento de métodos menos nocivos através do uso de dispositivos que agem diretamente sobre as células cancerígenas. Um desses dispositivos são as nanopartículas magnéticas, facilmente conduzidas até as células doentes através de ímãs. Uma vez em seu interior, um campo eletromagnético intenso é aplicado sobre o paciente, causando o aquecimento excessivo das células cancerosas, que morrem em seguida. É importante ressaltar que dano algum é causado ao paciente nesse tratamento, já que as células infectadas morrem em temperaturas mais baixas que as células sadias, permitindo o ataque controlado ao tecido tumoral através da aplicação de campos eletromagnéticos moderados.
        Esse campo da hipertermia magnética data de 1950, quando começou a ser desenvolvido com esse mesmo objetivo: destruir células de câncer de pacientes doentes. Com o desenvolvimento da nanotecnologia, essa área sofreu grandes avanços, como o drug-delivery, isto é, a entrega de medicamentos em tecidos específicos do corpo humano.
        É possível recobrir as nanopartículas magnéticas com moléculas interessantes somente às células doentes, permitindo ainda um contraste para diagnósticos e um armazenamento de remédios antitumorais.
        Os materiais mais utilizados nesse tratamento são os spions, sigla para nanopartículas supermagnéticas de óxido de ferro com 10nm de diâmetro. Algumas das vantagens apresentadas pelo uso desse material são a biocompatibilidade e a facilidade de se combinar com diversas substâncias, além de ser um material paramagnético. Tal comportamento magnético é importante, pois garante que as nanopartículas não se atraiam mutuamente, causando coágulos no organismo do paciente.
Entretanto, os spions não são tão efetivos no aquecimento da célula doente por não apresentarem histerese magnética, que permite um maior aquecimento por atrito, uma vez que o material com tal comportamento é capaz de absorver mais energia. Dessa forma, materiais que geram mais calor ainda são desejados.
        O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, desenvolveu os VIPs (vórtices magnéticos) em formatos de anéis dez vezes maiores que os spions, permitindo um maior aquecimento das células doentes, além de apresentarem uma maior atratividade para o tecido tumoral.
        Os VIPs foram tema de uma tese de doutorado publicada na revista Scientific Reports, do grupo Nature. O autor diz não ter pretensões de desenvolver medicamentos tampouco curar doenças. Seu compromisso é com a ciência básica, dizendo que o conhecimento mais aprofundado da natureza, sem preocupação com aplicações, pode gerar muito avanço tecnológico no futuro.


Fontes:
https://www1.folha.uol.com.br/.../uso-de-magnetismo...
https://revistapesquisa.fapesp.br/magnetismo-para-tratar.../