Materiais e o Espaço

Materiais e Espaço 1


O ano de 2022 começou agitado para os fãs de astronomia: meteoros cruzando o céu em diversos lugares e intrigando leigos ao observarem esses rastros de luz provenientes do espaço. Na Hungria, foi avistado um meteoro se assemelhando a uma grande bola de fogo verde; em Minas Gerais, um espetáculo de meteoros pelo céu foi contemplado pelos moradores. Mas, afinal, qual a diferença entre um meteoróide, um meteoro e um meteorito? E ainda, qual é a relação destes com a Engenharia de Materiais?

De início, convém ressaltar que um meteoroide é um corpo celeste que orbita o espaço, mas que não se classifica como asteroide ou cometa devido a seu tamanho reduzido. Quando esse material entra em rota de colisão com a Terra e atinge a sua superfície, sem ser vaporizado completamente, passa a ser chamado de meteorito. Já o meteoro, popularmente conhecido como estrela cadente, se trata do fenômeno de explosão que acontece quando um meteoróide entra na atmosfera.

Sob essa ótica, os meteoritos possuem uma estreita relação com a área de ciência e engenharia de materiais no que tange uma análise de suas composições, sendo classificados em três tipos: rochosos (92,8%), ferrosos (5,7%) e ferrosos rochosos (1,5%). Os meteoritos ferrosos são formados por ligas de níquel-ferro, com quantias secundárias de carbono, enxofre e fósforo. Os meteoritos ferrosos rochosos, por sua vez, possuem olivina, um grupo de minerais da família do magnésio e do ferro, no interior do metal.

Os meteoritos de ferro são os mais comumente encontrados, pois, dentre os demais, são os que mais se diferem das rochas terrestres. Em geral, são pesados e apresentam uma superfície com depressões e sulcos chamados regmaglitos. Apresentam uma fina camada preta por fora, resultado do atrito com a atmosfera, e o interior claro de coloração semelhante ao aço.

O meteorito mais famoso, ainda que não o mais valioso, é conhecido como Bendegó, descoberto em 1784 no sertão da Bahia e constituído por mais de 5000 quilogramas de ferro e níquel. Em nosso cotidiano, materiais compostos por esses metais são amplamente utilizados, como, por exemplo, o níquel presente em implantes e equipamentos hospitalares. Nesse cenário, uma liga muito utilizada é a níquel-titânio (Nitinol) famosa por ser uma “liga de memória de forma”, ou seja, após ser deformada e sofrer aquecimento, pode voltar à sua forma original. Uma aplicação do Nitinol são os “stents” autoexpansíveis, utilizados para abrandar condições vasculares. No caso do aço, uma liga ferro-carbono, temos uma matéria prima imprescindível para a indústria nas mais diversas áreas, seja na produção de veículos, máquinas, ferramentas e, especialmente, na estrutura de moradias.

Contudo, o meteorito mais valioso é o Angra dos Reis, um meteorito de quatro centímetros de largura e setenta gramas. Ele é composto por um mineral extremamente raro chamado fassaita, sendo considerado uma rocha classificada como angrito – isto é, minerais forjados em temperaturas altas no interior do núcleo de planetas. Seu valor está associado ao fato de que os angritos são consideradas as rochas magmáticas mais antigas de que se tem notícia.

Nessa perspectiva, torna-se possível diferenciar rochas vindas do espaço e especular qual o seu conteúdo, uma vez que elas possuem compostos convenientes para produção de determinados materiais. Assim, é válido ressaltar a importância de conhecer essa variedade de corpos celestes, desde meteoroides, meteoritos, cometas e até mesmo asteroides, visto que eles podem ser utilizados para desenvolver projetos significativos na área da ciência.