[22º EDIÇÃO] ENTREVISTA COM VINICIUS ARANDA, MESTRANDO DO DEMA E CRIADOR DO PODCAST "A MATERIAL POINT OF VIEW"

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        Como criadores de conteúdo relacionado à Engenharia de Materiais, buscamos sempre estar em contato com nossos colegas que também atuam nas redes sociais a fim de compartilhar experiências. Para a presente edição, com essa finalidade, entrevistamos Vinicius Aranda, mestrando do DEMa e criador do podcast “A Material Point of View”, que traz conteúdos rápidos sobre aplicações da Engenharia de Materiais, bem como explicações de alguns conceitos fundamentais da Ciência dos Materiais.

        Vinícius Aranda começou sua trajetória na Engenharia de Materiais na UTFPR, em 2014, e, seguindo o conselho de um conhecido, prestou transferência para o DEMa em 2015: “O irmão do meu colega de turma era engenheiro de materiais pela UFSCar, e me incentivou a prestar o concurso de transferência. Conversei, também, com uma amiga que, assim como eu, era da UTFPR e tinha transferido para o DEMa no ano anterior, que me encorajou a fazer essa mudança”. Em nossa conversa, Vinícius nos contou como foi o processo de escolha de curso, bem como sua satisfação com a Engenharia de Materiais – “No segundo ano do ensino médio, uma professora apresentou um vídeo pra turma sobre um material que se comportava como uma ‘capa da invisibilidade’, e na hora eu senti que queria trabalhar com aquilo, porém não sabia qual era o caminho. Um dia, no cursinho, comentei sobre o vídeo com um professor e ele me revelou a Engenharia de Materiais; chegando em casa, pesquisei sobre o curso na internet e me identifiquei, fico muito feliz por ter me encontrado nessa carreira. Hoje, eu sou o que sou profissionalmente graças à Engenharia de Materiais. Mas, infelizmente, nunca consegui encontrar o mesmo vídeo que a professora mostrou pra sala naquele dia.”

        Aranda nos contou, também, que o “podcast” não foi sua primeira experiência com criação de conteúdo na internet, e que a motivação para tais projetos vem de longa data, a partir de um desejo pessoal: “Desde criança, eu tinha vontade de alcançar as pessoas, de gritar para as pessoas me ouvirem. Claro que quando eu era pequeno não sabia muito o que fazer a respeito disso. Depois, em 2017, criei um canal no YouTube, mas não deu muito certo e acabei apagando-o. Então, no começo deste ano, em meio à pandemia e sem tantas opções de lazer, veio a ideia de criar um novo canal no YouTube, combinado com um ‘podcast’, como um ‘hobby’. Eu tinha acabado de me formar e, agora com propriedade no assunto, senti que era o momento para criar conteúdo sobre Engenharia de Materiais. Depois de um tempo, acabei deixando o canal em segundo plano para focar no ‘podcast’.” Perguntamos, também, ao Vinícius sobre o porquê da escolha do inglês como  idioma do ‘podcast’, e ele nos revelou: “A minha ideia era treinar línguas estrangeiras, inicialmente eu faria o canal em inglês – por conta da maior visibilidade – e o podcast seria publicado em francês”. Após certo tempo, porém, a dificuldade maior de produzir conteúdos em vídeo e o pensamento de que talvez não fosse tão interessante ter um canal e um ‘podcast’ com o mesmo nome apresentados em línguas diferentes fizeram Vinícius focar somente nos conteúdos em áudio, agora em inglês.

        Segundo Aranda, uma das principais dificuldades enfrentadas na criação de conteúdo se encontra na abordagem de conteúdos técnicos: “O nosso curso tem muitas coisas técnicas e, geralmente, quando vemos tais coisas na sala de aula, o professor faz uso da lousa, ‘slides’ ou outros recursos gráficos para ajudar na explicação. No ‘podcast’, o desafio é um pouco maior, pois tenho que apresentar esses conteúdos mais complexos de forma atrativa, dispondo apenas de a minha voz.”

        A criação e execução de um projeto pessoal sempre promove o desenvolvimento de habilidades e competências. Vinícius nos contou que, além da prática de idiomas, o ‘podcast’ contribuiu para a autoconfiança no âmbito profissional: “Quando você se forma, é preciso exercitar o que foi estudado, porque você não é mais um aluno: a cobrança e a responsabilidade são maiores. Eu preciso ter muita segurança sobre o que é dito no ‘A Material Point of View’, uma vez que, se eu publicar alguma informação errada, essa desinformação pode se espalhar. Por isso, ter confiança em meu trabalho e no que aprendi na graduação é fundamental.” Aranda também pontuou que o projeto contribuiu muito para o aprimoramento de suas “soft skills”, e ressalta: “Apesar da responsabilidade, não se pode deixar que as cobranças minem a ‘graça’ do projeto – se isso acontece, acaba perdendo o sentido.”

        Quando se tratam de momentos marcantes durante o desenvolvimento de seu projeto, Vinicius relembra que este tópico lhe trouxe algumas reflexões existenciais: “Desde março, estive pensando sobre o quê deixaria para trás caso morresse nesse exato momento. O que eu deixaria para as pessoas?”. O mestrando afirma que essa questão que o permeia transcende a ideia de legado, e vai justamente ao encontro do porquê de criar seu “podcast”, que é a materialização de todo conhecimento que absorveu durante os anos de estudo na graduação, aprendizados que só fazem sentido se forem compartilhados com outras pessoas. “Se eu morresse hoje, ainda restaria parte do que eu sou na internet, parte do que sei, e as pessoas poderiam ouvir. Isso é muito marcante, pois, para mim, mesmo que minha contribuição venha a ser pequena, já é importante saber que ouviram as ideias e as palavras que saíram da minha mente”. 

        Ainda nesse sentido, o criador do “podcast” enfatiza que é parte da responsabilidade de um estudante de Engenharia de Materiais levar o conhecimento do que é essa área — além de como ela interage com as outras engenharias — para fora da universidade e, assim, atingir a comunidade também: “Eu enxergo a Engenharia de Materiais como a principal, tudo que vemos à nossa volta é feito de algum material, e considero um dever de todo estudante, especialmente os do nosso departamento, que foi pioneiro nessa engenharia na América Latina, informar sobre o que fazemos e como. É especialmente isso que motiva meu trabalho com o ‘podcast’”.