[21ª EDIÇÃO] Entrevista com Bárbara Guimarães: a trajetória da mestranda na engenharia e em seu blog no instagram.

Texto por: Augusto da Veiga e Eduardo Bouhid.

Entrevista Barbara Guimarães

        Buscando sempre trazer aos/às nossos/as leitores/as informações de diferentes escopos da Engenharia de Materiais, entrevistamos, para esta edição, uma pessoa cujo trabalho provavelmente é conhecido pela maioria de vocês! Engenheira de materiais, mestranda do DEMa, Analista de Risco Júnior na empresa LUZ Soluções Financeiras e administradora da página do Instagram Engenharia de Materiais . Página esta que foi criada em 2018, conta com cerca de 7900 seguidores e busca diversificar e ampliar o conhecimento sobre uma engenharia tão importante, mas não muito difundida. Convidamos vocês a acompanharem nossa conversa com a Bárbara Guimarães!

        Você pode nos contar um pouco sobre sua trajetória pessoal?

        Sou formada em Engenharia de Materiais pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no “campus” de Londrina. Muitos profissionais de lá são formados pela UFSCar, então a grade curricular é bem espelhada na daqui, com a exceção de que lá não é dividido em ênfase.

        Durante a graduação, participei de diversos projetos de extensão, como na criação e presidência do Centro Acadêmico da Engenharia de Materiais (CAEMa), em que colaborei por 1 ano e meio na gestão, durante a qual pude participar da criação da primeira semana acadêmica da Engenharia de Materiais do “campus”. Além disso, participei de 5 iniciações científicas (IC) diferentes, nas áreas analítica, educacional, metais, setor aeronáutico e nanomateriais. Nisso, acabei me apaixonando por compósitos poliméricos de alto desempenho. Também fui bolsista de apoio ao coordenador, porque sempre tive interesse pela parte administrativa.

        Quando me formei, em 2018, fiquei em dúvida quanto a seguir a área acadêmica ou empresarial, principalmente porque minha família gira em torno da empresa metalúrgica, então escutei sobre isso minha vida inteira. Decidi seguir pela minha paixão pelos compósitos e vim fazer mestrado na UFSCar com o professor Leonardo Canto, que me apresentou a um projeto da Petrobras de tubos para a indústria petroquímica de epóxi com fibra de vidro. O fato de ser uma pesquisa aplicada a um produto também me saltou muito aos olhos.

        Hoje em dia, estou finalizando meu mestrado e buscando ao máximo não ser restrita, então vou tentar conciliar o doutorado com meu trabalho na Luz Engenharia Financeira, onde sou analista júnior de risco. Somado a isso e também como uma forma de difundir esse ideal e a própria Engenharia de Materiais, criei a minha página: @engenhariademateriaisoficial.

        Gosto muito dessa ideia de ser uma profissional 360, que consegue ver tudo ao redor, ser flexível, dinâmica, sempre cuidando da saúde mental e física. Através da página, também tive diversos desenvolvimentos pessoais, além da parte técnica, como a possibilidade de fazer diversas palestras. E, além dela, também sou colunista na área da EMa no “Blog da Engenharia”, o maior do Brasil.

        Como surgiu a ideia de criar um página com conteúdo?

        O principal foco foi sempre a representatividade. Antes se entrava em páginas de engenharia e não se falava sobre a Engenharia de Materiais, nem mesmo em memes. O que nós, engenheiros/as, fazemos é extraordinário demais para não se falar sobre. Além disso, muitos misturavam o que se faz na Materiais com a Engenharia Química, sendo que são áreas totalmente diferentes, e tenho certeza que todo mundo já passou por algum questionamento sobre o que fazemos.

        Hoje em dia, com a página já bem grande, eu tenho que tomar cuidado com o que eu falo e faço, porque algumas coisas acabam voltando para mim. Mesmo assim, quando as pessoas me procuram querendo criar novas páginas, eu não encaro como concorrência, pelo contrário, dou dicas, apoio, mas, infelizmente, muitos não têm paciência para esperar o crescimento e acabam desistindo no meio do caminho.Hoje em dia, com a página já bem grande, eu tenho que tomar cuidado com o que eu falo e faço, porque algumas coisas acabam voltando para mim. Mesmo assim, quando as pessoas me procuram querendo criar novas páginas, eu não encaro como concorrência, pelo contrário, dou dicas, apoio, mas, infelizmente, muitos não têm paciência para esperar o crescimento e acabam desistindo no meio do caminho.Hoje em dia, com a página já bem grande, eu tenho que tomar cuidado com o que eu falo e faço, porque algumas coisas acabam voltando para mim. Mesmo assim, quando as pessoas me procuram querendo criar novas páginas, eu não encaro como concorrência, pelo contrário, dou dicas, apoio, mas, infelizmente, muitos não têm paciência para esperar o crescimento e acabam desistindo no meio do caminho.

        Até eu chegar nos padrões que eu tenho hoje, eu penei bastante, mas acredito que eu tenha conseguido chegar em um ponto bem legal, em que faço postagens sobre inovações às terças e quintas e sobre polímeros, cerâmicas e metais às segundas, quartas e sextas, respectivamente. Ainda assim, todos os dias posto memes e interajo com meus/minhas seguidores/as.

        Quais são suas maiores dificuldades para essa produção de conteúdo?

        Acredito que as maiores dificuldades que eu enfrento são: a eventual falta de ideias para algumas publicações; a dificuldade de conciliar meu trabalho, minha vida pessoal, e a página; e a falta de alguma referência nessa área, principalmente nas redes sociais, onde eu mesma acabo tendo uma das maiores páginas que fala sobre a engenharia de materiais.

        Além disso, tenho que lidar com as pessoas que ficam vasculhando e questionando o que eu faço, o que foi muito difícil no começo, porque eu nunca fui blogueira, sempre uma engenheira tentando entrar nesse meio. Confesso que isso não tem muito impacto na minha saúde mental, porque estou convicta do que eu quero. Os “haters” não fazem nada em prol do que estão criticando, mas claro que a ansiedade aumenta com o maior número de horas trabalhadas.

        Você começou o blog em quais redes sociais? Qual é a principal delas hoje, em termos de engajamento? Isso te surpreendeu?

        Eu comecei no “Instagram” e já planejava que o conteúdo fosse direcionado para ele. Mas também estou no “Facebook”, de forma atrelada ao “Instagram”. Acho que não fiquei muito surpresa que o sucesso fosse maior nesta rede.

        Você sente que o blog te proporcionou crescimento pessoal? Em quais aspectos?

        Sim, e isso tem aspectos positivos e negativos, também. Quando você se mostra representando um gama de profissionais, muitas pessoas te veem. E muitos conhecem sobre o que eu falo, da forma que eu falo, então tudo tem que estar bem alinhado (forma, palavras, trajes, etc.).  Por um lado, a página me proporciona um forte desenvolvimento pessoal, além de ser uma forma muito eficaz de divulgar a profissional que sou. Por outro, isso traz uma grande responsabilidade: não posso de jeito nenhum deixar que alguma atitude minha me prejudique em algum ponto no meu futuro. À medida que a página cresce, a camisa começa a pesar.

        Você já costumava dar palestras em eventos antes, ou seu trabalho abriu essa porta para você?

        Na verdade, sempre fui uma pessoa bem extrovertida. Nos projetos da faculdade, eu sempre gostei de falar representando a equipe em eventos. Como sou mais desinibida, as pessoas geralmente me escolhiam para falar. Tanto que, na minha colação de grau, fui oradora. Porém, os convites para eventos e palestras começaram a aparecer somente a partir da criação da página. Então, eu diria que o “blog” abriu, sim, portas para esses eventos, mas a preparação para falar em público veio da minha vivência na universidade, por meio dos projetos de extensão.

        Você tem algum momento favorito que o perfil te proporcionou que queira compartilhar conosco?

        Uma coisa que me marca bastante é essa questão dos convites para eventos em que dou palestras ao lado de profissionais de renome. Por exemplo, em 2020, fui chamada para um evento da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), no qual o professor Canevarolo também participou. Isso me mostra que é possível chegar no nível deles, que é possível se reconhecida nacionalmente. Dentre esses momentos, posso destacar minha palestra no Engmatcon sobre compósitos poliméricos de alto desempenho e suas aplicabilidades, que foi minha primeira participação do tipo em um evento, e que me abriu diversas oportunidades futuras.

        Também é muito gratificante quando recebo mensagens de agradecimento. As pessoas se sentem representadas, mandam para a família, falam que eu sou uma inspiração e esse agradecimento vale muito mais do que dinheiro. A questão não é o número de seguidores, mas sim esse reconhecimento. É isso que me faz não querer parar nem com a página e nem com meu desenvolvimento.

        Você gostaria de deixar alguma mensagem para os/as nossos/as leitores/as?

        Eu gosto da frase “ou você constrói seu sonho ou você acaba participando da construção do sonho de alguém”. As pessoas que dão os conselhos convencionais não são felizes e acabam por ser a mão de obra para alguma outra pessoa construir o próprio sonho dela.

        O mercado sempre vai estar instável, então se esforce ao máximo para alcançar seus objetivos. O que você quer fazer? Aproveite todas as oportunidades para desenvolvimento pessoal e profissional que a universidade dá, seja flexível, se abra para as oportunidades, não se restrinja, porque você também restringe suas chances.