[20º EDIÇÃO] Pesquisa e Inovação - Professor Rodolfo Klein

20 edição - Rodolfo 1

20 Edição - Rodolfo 2

Escrito por: Vitória Rizzato

        Em nossa 20ª edição, tivemos a honra de entrevistar o Prof.Dr. Rodolfo Klein, graduado em Engenharia De Materiais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Na entrevista, temos a oportunidade de conhecer sua trajetória ao longo de anos de estudos, bem como as linhas de pesquisa em que trabalha atualmente.


1. Conte um pouco sobre você e sua trajetória.        Ingressei no DEMa como discente em 2003, graduando-me em 2007. Na graduação, aproveitei a vida universitária: estudei bastante, aprendi outra língua, participei de festas e eventos artísticos, me reuni com meus amigos para, às vezes, só jogar conversa fora e comer um lanche ou pizza, curti demais a biblioteca (inclusive a gibiteca, piso 5, piso 2 e, obviamente, o piso 3!), onde passava horas, e treinei muito rugby. Durante a jornada na graduação, fui me apaixonando cada vez mais pelos diferentes materiais, com uma predileção mais forte pelos materiais cerâmicos. Fiz estágio na Saint-Gobain Cerâmicas Técnicas (atualmente Solcera), em Vinhedo. Fui orientado na iniciação científica pelo Prof Dr. Victor Pandolfelli, e co-orientado pela Dr.ª Vania Salvini. Nessa etapa aprendi muito sobre materiais porosos à base de alumina. 
Ingressei no mestrado no PPGCEM-UFSCar em 2007. Orientado pela Prof.ª Dra. Ruth Kiminami, trabalhei com síntese e processamento por micro-ondas de semicondutores nanoestruturados. Gostei tanto das micro-ondas que finalizei minha dissertação em 2009 e já ingressei no doutorado na mesma temática. Durante meu doutorado desenvolvi alguns projetos paralelos, incluindo síntese de semicondutores nanoestruturados, síntese por micro-ondas de materiais não-óxidos nanoparticulados (carbetos e nitretos) e processamento por micro-ondas de porcelanas. Em minha tese, pude adaptar e reduzir muito o tempo de sinterização de uma técnica interessante (two-step sintering), controlando perfeitamente a microestrutura (grãos sub micrométricos) de um material varistor e melhorando suas propriedades elétricas. Durante o doutorado, passei um período sanduíche no Karlsruher Institut für Technologie, Karlsruhe – Alemanha (2012), onde trabalhei em um equipamento de micro-ondas de alta frequência (30 GHz). Após defender minha tese, em 2013, comecei meu pós-doutorado, ainda supervisionado pela professora Ruth. Em 2014 fui aprovado em dois concursos públicos para docente, e acabei escolhendo ir para Itabira-MG, na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), no curso de Engenharia de Materiais. Lá lecionei diversas disciplinas voltadas à Ciência e Engenharia de Materiais. Em 2015, foi aberta uma vaga para docente no curso de Engenharia de Minas, na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), campus de Poços de Caldas, onde fui aprovado e retornei quase para minha terra natal (sou da região de Campinas). Lecionei diversas disciplinas de áreas bem diferentes das nossas, porém com muitos pontos de intersecção. Nessa etapa, pude aprender muito sobre o beneficiamento de minérios e metalurgia extrativa (áreas nas quais lecionei a maior parte das disciplinas) e até de geologia.

        O conhecimento adquirido aqui no DEMa me ajudou demais a superar muitos desafios durante esse período. Logo ingressei no Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UNIFAL e me senti mais à vontade, nunca esquecendo a graduação. Até que finalmente, em 2019, fui aprovado em um concurso do DEMa-UFSCar e retornei para casa. 


2. Qual é o tema de sua linha de pesquisa?


        O principal foco da minha linha de pesquisa é o uso de micro-ondas para a síntese de novos materiais e seu processamento, incluindo o desenvolvimento de novas técnicas tanto da síntese quanto do processamento. Atualmente, tenho trabalhado nas seguintes frentes: 

        Estou desenvolvendo, junto com um aluno de doutorado, materiais bio inspirados, tomando como base a estrutura de algumas plantas bem interessantes. Esses materiais podem ser aplicados nas áreas fotocatalítica e fotoeletroquímica e materiais porosos para aplicação médica, processados por micro-ondas; 

        Paralelamente, estou inserido e participando intensamente de um projeto muito interessante: materiais multiferroicos livres de chumbo (prospecção energética e desenvolvimento de sensores e atuadores). Tenho focado muito a atenção em niobatos nanoestruturados, sintetizados por diferentes rotas, incluindo por radiação de micro-ondas;

        Junto a isso, iniciamos um projeto no desenvolvimento de síntese não-convencional por micro-ondas;

        Estou retomando e ampliando uma temática que pesquisei durante meu doutorado: uso de micro-ondas para a síntese e processamento de materiais cerâmicos não-óxidos (carbetos, nitretos e boretos);

        Por fim, estou dando continuidade à linha de materiais cerâmicos de alta entropia.

3. Qual a motivação para esta pesquisa?


        O uso de micro-ondas tem se mostrado muito vantajoso no processamento dos mais diversos materiais, não se atendo somente às cerâmicas. Além do tempo reduzido, seu uso permite o controle microestrutural e morfológico tanto na síntese quanto na sinterização. Paralelamente, a aplicação de micro-ondas também tem se mostrado promissora em outras etapas do processamento, como a secagem de materiais cerâmicos e cura de resinas poliméricas.
        Muito desse potencial ainda não foi explorado e vejo que há uma ampla gama de assuntos a serem pesquisados e desenvolvidos com o uso de micro-ondas.


4. Quais são os objetivos?


        Os principais objetivos são: estender o uso de micro-ondas a materiais conhecidos ou novos, ampliando as técnicas de síntese e de processamento, visando a obtenção de materiais com propriedades melhoradas e busca de novas aplicações. Paralelamente, desejo introduzir em um futuro muito próximo, técnicas de caracterização de materiais utilizando micro-ondas (aguardem!).


5. Quais as possíveis aplicações?


        Pretendo, primariamente, obter materiais relevantes para a geração e transformação de energia. 


6. Existem desafios a serem superados? Se sim, quais?


        Os desafios são muitos. O mais primordial é compreender os mecanismos físicos envolvidos na interação micro-ondas/material e como eles afetam os processos difusionais. Eu também incluiria como um grande desafio como mensurar essa possível interação. Conhecendo esse potencial, é possível projetar e adequar tanto o equipamento, quanto o material. Em seguida, como produzir diferentes materiais e controlar seu desenvolvimento microestrutural, visando a otimização das propriedades.


7. Há vagas de IC para a área? Se sim, existem pré-requisitos?


        Há vagas, sim, a partir do segundo semestre. Os pré-requisitos são: gostar de desafios, de estudar muito e aprender novos assuntos, estar motivado, ser proativo e criativo, e principalmente, ter elevada aptidão com materiais e técnicas não usuais de síntese e processamento. 
        Entretanto, infelizmente ressalto que estamos limitados nesse momento ímpar devido à pandemia, com acesso muito reduzido à estrutura.