[19ª EDIÇÃO] Entrevista com Fernando Aracati: Uma conversa sobre seus 13 anos de trabalho no departamento

[19ª EDIÇÃO]  Entrevista com Fernando Aracati

[19ª EDIÇÃO]

Entrevista com Fernando Aracati: Uma conversa sobre seus 13 anos de trabalho no departamento

Escrito por Eduardo Bouhid e Pietro Cazelatto Bortolini

        Parte da missão do jornal é aproximar todas as esferas do departamento, e para tal, buscamos sempre dar voz aos docentes e TAs em nossas publicações. Nesta edição, além da entrevista com o professor Ishikawa na coluna “Histórias do DEMa”, conversamos com uma outra personalidade icônica que passou pelo departamento: Fernando Aracati, que trabalhou na Materiais por 13 anos, onde atuou no PPGCEM e na secretaria da coordenação de curso. Em nossa entrevista, além de matarmos a saudade, falamos sobre sua trajetória, a evolução do DEMa, momentos marcantes, entre outros. Esperamos que aproveitem a leitura!

1) Faça uma breve apresentação pessoal.

        Eu sou o Fernando, sou formado em Administração de Empresas, com pós-graduação em Gestão Empresarial e hoje eu faço o curso MBI do CCDM, na UFSCar. Comecei a trabalhar na Federal com aproximadamente 16 anos, e me desliguei no final de 2018.

2) De que maneira surgiu a oportunidade de trabalhar no DEMa?

        Tudo começou quando eu estava fazendo um curso de inglês, na Anglo School, uma escola de cursos técnicos aqui de São Carlos. Um dia, eu estava esperando meus pais me buscarem na escola e me deparei com um anúncio de um curso técnico em Administração e Recursos Humanos. Como eu sempre gostei dessa área de lidar com pessoas, me interessei pelo curso. Comecei o curso técnico e apareceu uma oportunidade de estagiar no Departamento de Matemática da UFSCar durante o período da tarde. Então, fui fazer uma entrevista, éramos três candidatos - dois meninos e uma menina -, e o pessoal do departamento tinha mais interesse em alguém do sexo feminino para essa vaga. Mas tudo bem, fiz o processo seletivo e fui para casa. Mais tarde, fiquei sabendo que poderia pleitear vagas em outros departamentos, e a universidade direcionou eu e o outro candidato ao DEMa, e fiz o processo seletivo com o Geraldo e o Pessan, e eles acabaram me escolhendo. Foi assim que comecei a trabalhar no Departamento, mais especificamente na pós-graduação.

3) Como foi trabalhar no departamento?

        Para ser bem sincero, quando entrei eu não sabia nem mexer na máquina de tirar xerox (risos). Tudo era muito novo, estava trabalhando e estudando, mas foi nesse momento que eu me encontrei. Gosto muito do setor administrativo e da parte de pessoas - eu lidava com cerca de 40 docentes, na época -, e foi o começo da minha jornada dentro do DEMa. Entrei como estagiário nível aprendiz, ou seja, é um programa voltado a estudantes de ensino médio, portanto tinha a duração de 2 anos. Quando meu contrato estava prestes a expirar, o DEMa me deu uma outra oportunidade: me convidaram a prestar o estágio de nível superior. Então, uma coisa foi se encaixando na outra, continuei trabalhando no Departamento, agora em período integral, e comecei a graduação na UNICEP, no curso de Administração de Empresas no período noturno. Foram quatro anos nessa vida de trabalhar durante o dia e estudar à noite. Novamente, foi chegando o final do meu contrato, e comecei a procurar emprego em outros lugares, cheguei a fazer entrevistas em bancos, etc. E então, surgiu mais uma chance de continuar na Materiais, por um projeto via FAI (Fundação de Apoio Institucional). Entretanto, depois de um tempo, com as crises econômicas, vários projetos foram perdendo financiamento, e com isso eu tive que ser desligado. Mesmo já esperando, fiquei bastante triste por ter que sair. Mas aí, depois de 15 dias, recebi uma ligação da chefia do departamento me perguntando se tinha interesse em voltar a trabalhar lá em uma jornada reduzida (4 horas por dia). Isso me chamou a atenção, pois ainda estaria em contato com os alunos e professores, e eu sempre gostei muito de trabalhar estando próximo dessas pessoas. E assim, fiquei no DEMa por mais dois anos. Não lembro das datas exatas, mas foram 13 anos ao todo trabalhando nesse departamento. E por que não continuei no DEMa? Bem, eu já estava formado e pós-graduado, senti que a minha missão lá já estava cumprida e precisava bater minhas asas, procurar outras oportunidades. Não foi nada fácil quando fiquei sabendo que ia ser desligado pela primeira vez, fiquei chateado. Mas, pedir o desligamento foi mais difícil ainda. Criei um vínculo muito forte com o departamento e com o pessoal.

4) Em quais aspectos você viu o DEMa evoluir?

        Uma evolução muito grande que eu presenciei foi na parte de estruturas. Para vocês terem noção, quando eu entrei no DEMa a microscopia eletrônica era na parte debaixo da pós-graduação, onde atualmente é o laboratório do professor Canto, e hoje tem aquela instalação moderna do LCE. A parte toda de laboratórios cresceu demais. A inauguração do novo CCDM foi um grande marco que presenciei, também. Vi, ainda, a chegada de vários professores novos, que trouxeram muita inovação para dentro do departamento. Ao longo desse tempo, o DEMa evoluiu como um todo. Uma coisa muito bacana que vivenciei foi presenciar alguns alunos de graduação e da pós se formarem e, depois, voltarem ao DEMa como professores - por exemplo, a Lidiane, o Juliano Marini, o Chico, entre outros.

5) Você viu uma mudança no perfil dos alunos ao longo de sua carreira dentro da UFSCar?
        Na linha dos discentes, acho que houve mudanças, sim. Quando comecei no DEMa, a maioria dos alunos já saíam direto da graduação para o mercado de trabalho. Era um momento bem diferente, em termos de economia. Acho que de uma forma geral, as pessoas buscavam mais o trabalho - até mesmo na pós, muitas pessoas terminavam o mestrado e já iam direto para as empresas, havia muitas oportunidades. Depois de uns sete, oito anos no Departamento, percebi que os discentes buscavam mais a pós-graduação, não sei se isso aconteceu porque o mercado ficou mais exigente, ou pela falta de oportunidades no mercado de trabalho.

6) Quais foram os seus melhores momentos trabalhando no DEMa?
        Um dos meus melhores momentos foi quando comecei a trabalhar na coordenação, porque eu tive um contato muito maior com as pessoas. Durante a pós, eu estava em contato com os alunos, mas era uma função muito administrativa, e as cobranças eram um pouco diferentes. Na coordenação, eu tinha contato com os alunos desde o momento que eles chegam com os pais, e foi aí que eu tive certeza de que gostava de trabalhar com pessoas. Acho que é fundamental ter empatia, pois precisamos lidar com os alunos da melhor forma possível. Isso vai desde os calouros que me procuravam para perguntar onde ficava um AT até aquele estudante de fora que acabou de chegar e quer ir embora por ter dificuldade para se adaptar à nova rotina, ou pessoas com problemas financeiros, que não sabiam se teriam condições de continuar na faculdade. Quem está na linha de frente da coordenação trabalhando com os discentes tem que ter uma essência muito humana, pois cada aluno vem de uma forma para a gente. Uns já vem com as estruturas mais formadas, outros nem tanto - aquele pensamento de “Vou deixar minha família, minha casa, meus pais, o que estou fazendo aqui?”. Sempre que algum aluno chegava na minha sala pensando em trancar o curso por algum problema pessoal, eu fechava o guichê, trancava a porta e dava atenção para ele, e tentava amenizar a situação. Isso é fundamental, trabalhar os problemas faz toda a diferença.

7) Quais acontecimentos mais te marcaram no DEMa?
        Uma coisa que me fez ficar bem pensativo foi que, no momento que eu passei na pós-graduação, um aluno que tinha feito Engenharia de Materiais, mestrado e doutorado, quando veio buscar o diploma comigo falou: “Fernando, passei no curso de medicina.” Sabe aquela coisa que você fica refletindo depois? Ele sempre se destacou no curso e hoje ele é médico. Um outro momento que me marcou, por exemplo, foi quando conheci o Sérgio Mascarenhas.

8) Onde você está hoje?
        Hoje eu trabalho na Mapfre. Quando eu entrei, eu fui contratado na área de telemarketing. Durante um ano, eu trabalhei na UFSCar e na Mapfre, foi muito difícil conciliar no começo, por serem trabalhos muito distintos; eu adorava trabalhar na UFSCar, estar conectado com o ambiente e as pessoas que eu gostava era muito gratificante, e devido a essa bagagem de 13 anos de experiência, tudo foi ficando mais fácil. Depois de 1 ano, fui promovido dentro da Mapfre para a parte administrativa e virei securitário. Para mim foi uma gratificação muito grande ser promovido tão rápido dentro da empresa, aí não teve como, tinha que abrir mão de algumas coisas, e foi aí que pedi demissão para o Daniel e o Carlos.

9) Você tem algum recado que gostaria de dar?
        Primeiramente, eu devo muito a muitas pessoas lá no DEMa. Para estar onde eu estou hoje, em relação a responsabilidades e até como conduzir minha vida, eu devo isso a muitos colegas com os quais tive o prazer de trabalhar junto. Quando eu entrei na Mapfre e fui promovido, eu soube lidar com várias situações devido à minha experiência no departamento, é uma gratidão muito grande pelas pessoas ali dentro.

10) Gostaria de acrescentar alguma coisa?
        Uma coisa que eu carregava comigo dentro do DEMa, principalmente dentro da coordenação, era incentivar os alunos e mostrar a eles onde eles estão. Várias turmas que chegavam não conheciam o peso que a Engenharia de Materiais tinha, aquele departamento gigantesco com um corpo docente sensacional. Sintam o ambiente que vocês estão, onde vocês chegaram.

[Texto retirado da 19ª Edição do Jornal A Matéria, disponível em: bit.ly/EdicoesAMateria]