[19ª Edição] A Matéria Explica: Monitoria e Tutoria

[19ª Edição] A Matéria Explica: Monitoria e Tutoria

        [19ª EDIÇÃO]


        A Matéria Explica: Monitoria e Tutoria


        Escrito por: Eduardo Bouhid Neto, Júlia Monti e Maria Eduarda Navarro.


        Aliados poderosos nas disciplinas, os programas de monitoria e tutoria são responsáveis por uma grande parte das aprovações e por aumentar os índices de permanência estudantil, desempenhando, assim, uma função muito importante na graduação. O objetivo da coluna “A Matéria Explica” desta edição é esclarecer alguns pontos sobre esses programas – como tornar-se um monitor/tutor, quais as suas principais responsabilidades, aspectos positivos e negativos da experiência, entre outros. Para tal, entrevistamos alguns monitores e tutores, que nos contaram sobre suas passagens pelos programas: dificuldades, histórias de sucesso, habilidades adquiridas, conselhos para alunos que queiram participar desses programas no futuro e muito mais!
        Primeiramente, é importante esclarecer qual a proposta de cada um dos programas. Embora tenham algumas semelhanças entre si – como a missão de prestar assistência acadêmica ao estudante em uma disciplina e a premissa de ter como mentor um outro estudante que já cursou a matéria em questão –, a tutoria e a monitoria apresentam escopos bastante diferentes. Conversamos com Giovanni Rosalino, que atuou tanto como monitor quanto tutor, e ele nos explicou as principais diferenças: “A monitoria é um atendimento mais pontual – quase um plantão de dúvidas. Os alunos só iam quando precisavam e não era feito nenhum tipo de controle de frequência. Por outro lado, a tutoria é um trabalho contínuo, que visa um acompanhamento individual do aluno – identificamos as defasagens dele, se ele vai mal em alguma prova, o ajudamos a estudar para a próxima, e também tem todo um trabalho para ajudar o aluno a aprender a estudar. Além disso, é feito o controle de frequência e, caso o aluno falte a 3 atendimentos, ele perde a vaga.”
        E qual é o caminho para se tornar um monitor ou tutor? Para a monitoria, os editais costumam ser divulgados pelos próprios departamentos, como nos conta Mateus Ferro, monitor de Lógica Digital pelo Departamento de Computação – “Um pouco antes de começar o ENPE, a secretaria do DC (Departamento de Computação) divulgou um edital com vagas de monitoria para várias disciplinas ofertadas por eles, e as matérias com mais alunos recebiam bolsa. O processo de inscrição consistia em um formulário que, dentre outras informações, pedia a sua média final na disciplina para a qual você havia se inscrito.” Um outro meio para tornar-se monitor é falar diretamente com o professor que ministra a disciplina, como fez Yan Guimarães, monitor de Ciência dos Materiais I: “No meu caso, eu fui monitor voluntário, pois já recebia bolsa de IC e não é possível receber as duas. Eu conversei com a professora Lidiane, e ela já encaminhou os papéis para o Chefe de Departamento. Como só eu manifestei interesse em dar monitoria nessa matéria, não teve processo seletivo.” Ainda, o Centro Acadêmico (CAMa) oferece aos estudantes do DEMa a oportunidade de prestar monitoria voluntária tanto durante os semestres presenciais quanto no ENPE.
        Quanto à Tutoria PAAEG, os editais costumam ser enviados por e-mail quando há vagas para tutor nas disciplinas de graduação. Atualmente, existe um processo seletivo disponibilizando 15 vagas de tutor. As inscrições devem ser feitas até o dia 5 de fevereiro e o edital foi divulgado pela InfoRede, podendo ser acessado pelo link abaixo. É possível obter mais informações sobre o programa pelo site http://paaeg.ufscar.br, pelo Instagram @paaegufscar e via e-mail (tutoria_paaeg@ufscar.br). Durante o período presencial, em São Carlos, a tutoria funciona no piso 2 da Biblioteca Comunitária. Durante o ENPE, o aluno que quiser receber ajuda da tutoria pode encontrar os horários e endereços das salas virtuais no site http://avadmin.ufscar.br/.
        Um outro ponto interessante é a ampla gama de motivos pelos quais os monitores e tutores buscaram fazer parte de tais programas. Roberto Flórez, tutor PAAEG de Cálculo I e Geometria Analítica, nos contou como a experiência positiva enquanto aluno da monitoria, em seu primeiro ano na universidade, o motivou a compor o time de tutores: “Meu primeiro ano foi muito complicado, sofria bastante com as matérias no começo. Mas depois, eu procurei a tutoria e conheci um tutor excelente, que me ajudou demais. Isso me motivou muito a virar tutor, me deu vontade de retribuir as coisas boas que a Federal me proporcionou, e encontrei na tutoria a oportunidade de contribuir para a instituição, ajudando outros alunos. E eu ainda tive a sorte de ganhar bolsa enquanto tutor.” Giovanni Rosalino, por sua vez, se interessou no programa de tutoria pela chance de ter uma remuneração logo no começo de seu segundo ano da graduação, além da oportunidade de ter contato com o ensino – “Minha principal motivação foi o dinheiro. É muito difícil conseguir uma bolsa de iniciação científica logo no primeiro semestre do segundo ano, e a possibilidade de conseguir uma remuneração pela monitoria me chamou muito a atenção. Mas eu também tinha muita afinidade com a disciplina pela qual era responsável. Além disso, me interessei também porque queria ter uma experiência com o ensino.”
        Também perguntamos aos entrevistados quais foram as principais dificuldades encontradas na monitoria e tutoria. Roberto afirma que, na tutoria acompanhada, lidar com a heterogeneidade da turma foi uma instigação: “Um dos maiores desafios e aspectos gratificantes da tutoria é que você percebe o quanto as pessoas são diferentes. Numa mesma turma, existem alunos com diferentes níveis de afinidade com a matéria. É um pouco desafiador ministrar a tutoria acompanhada para turmas muito heterogêneas sem deixar os alunos menos experientes para trás e, ao mesmo tempo, sem frustrar os alunos com mais destreza na disciplina.” Mateus Ferro, por outro lado, relatou que além da carga horária intensa, as diferenças no ensino de uma mesma disciplina em campi diferentes mostraram-se desafiadoras: “Eu era da UFSCar Sorocaba e entrei em São Carlos no segundo ano da graduação. Apesar de ter cursado a mesma disciplina lá (Lógica Digital), existem algumas diferenças entre os dois campi – por exemplo, a linguagem de programação que eu aprendi em Sorocaba é diferente da utilizada em São Carlos, aí eu tive que aprender às pressas. Uma outra dificuldade que enfrentei foi a grande quantidade de turmas pelas quais fiquei responsável – acabei tendo que trancar uma matéria por ficar sobrecarregado com a carga horária da monitoria.”
        Apesar das adversidades, todos os entrevistados disseram que a experiência foi gratificante e nos contaram casos de sucesso e momentos que fizeram a jornada valer a pena. Giovanni Rosalino conta que a troca de aprendizagem com os alunos é um dos pontos altos da tutoria: “O reconhecimento dos alunos é muito bom. Eles ficam muito gratos pela ajuda recebida e pelo crescimento acadêmico. Outra coisa muito gratificante é que, ao final do semestre, toda essa aclamação dos alunos nos faz perceber que crescemos junto com eles, já que nos aprofundamos na matéria e melhoramos nossa didática. Somos alunos dos alunos, lidar com conhecimento traz sempre um grande aprendizado.” Mateus Ferro compartilhou conosco um caso de sucesso que o fez sentir-se recompensado por seu trabalho: “Sim, acho que um dia que me marcou foi uma monitoria que aconteceu bem na véspera da primeira prova – isto é, duas horas antes do início da avaliação -, acho que foi o dia mais cheio, inclusive (risos). Eu tive que fazer esse atendimento um pouco antes do normal, pois essa prova era síncrona e estava marcada justamente no horário da monitoria. Mesmo assim, o pessoal veio me mostrar as notas depois e a maioria gabaritou, fiquei muito feliz com isso.”
        Em suma, os monitores e tutores que entrevistamos recomendam unanimemente a experiência com estes programas. De fato, esses projetos beneficiam alunos, tutores e monitores. O tutor PAAEG Roberto deixou uma última mensagem para os leitores que possuem dúvidas em relação a participar da tutoria: “A experiência é maravilhosa. A tutoria é cansativa, mas também é muito gratificante e, apesar de ser uma atividade que consome certo tempo, vale a pena se organizar para poder aproveitar essa oportunidade que a Federal dá aos alunos. É uma sensação muito boa quando o seu esforço dá resultados, e os estudantes da tutoria vêm te agradecer no final do semestre.” Giovanni – que também é membro do jornal – também preconiza esses programas de assistência ao aluno: “Aconselho que todos experimentem, você tem um contato muito legal com os alunos e os programas de monitoria e tutoria duram apenas um semestre, então se você não gostar, não tem problema. A universidade é para isso mesmo, para a gente se colocar em situações de insegurança e se preparar para as dificuldades e problemas da vida real.”


        Link: http://bit.ly/AMateriaExplica19Edicao

        [Texto retirado da 19ª edição do Jornal A Matéria, disponível em: https://bit.ly/EdicoesAMatéria]