[18ª Edição] Pesquisa e Inovação: Prof. Piter Gargarella

Pesquisa e Inovação: Prof. Piter Gargarella


Conte um pouco sobre você e sua trajetória.
Eu sou natural de São Carlos. Estudei música no Conservatório de Tatuí (toco trompete). Acabei desistindo no meio do curso de música para fazer cursinho. No início eu não sabia exatamente qual curso superior escolher, porém, depois de algumas conversas com minha prima, que tinha feito Engenharia de Materiais, optei por esse curso. Iniciei o curso na UFSCar, em 2003. Eu adorei essa área e percebi que era isso mesmo que gostaria de fazer. Com alguns estágios que fiz durante o curso, percebi que tinha mais aptidão para uma carreira acadêmica ou para um trabalho que envolvesse pesquisa. Comecei, então, a me preparar desde o terceiro ano do curso para seguir nessa direção. Fiz mestrado no PPGCEM/UFSCar e depois fiz doutorado na Technische Universität Dresden, na Alemanha. Terminei o doutorado no início de fevereiro de 2014. No final desse mesmo mês estava prestando concurso para professor no DEMa. Passei no concurso e iniciei como docente em maio de 2014. É um orgulho muito grande fazer parte do corpo docente do DEMa! O salto direto de aluno de doutorado para docente é muito grande, demorei um pouco para me adaptar. A ajuda dos colegas do DEMa foi primordial no início. Hoje já desempenho melhor o meu trabalho, tenho um equilíbrio maior entre as atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração.

Qual é o tema de sua linha de pesquisa?
O tema da minha pesquisa é Manufatura Aditiva de Metais.

Qual a motivação para esta pesquisa?
Tem havido um grande interesse e procura por parte de empresas por manufatura aditiva de metais. Porém, como trata-se de um processo de fabricação relativamente novo, existe uma necessidade muito grande de desenvolvimento de novos materiais especificamente para esse processo. Temos pouquíssimas ligas metálicas que realmente funcionam nesse processo, que produzem peças livres de defeitos. Além disso, falta mão de obra especializada e conhecimento nas indústrias sobre esse tipo de processo e dos materiais envolvidos.

Quais são os objetivos?
Os objetivos são desenvolver novas ligas metálicas para o processo de manufatura aditiva, compreender os aspectos metalúrgicos envolvidos nesse processo e como as diferentes variáveis de processo afetam a microestrutura e propriedades das peças produzidas.

Quais as possíveis aplicações?
A manufatura aditiva de metais está começando a ser utilizada em várias indústrias na área de transporte, energia, saúde, metalmecânica, entre outras. Existem aplicações na fabricação de próteses, de peças com geometrias complexas de motos, de automóveis e aviões, de moldes e matrizes e de peças feitas sob demanda para equipamentos usados.

Existem desafios a serem superados? Se sim, quais?
Peças fabricadas por manufatura aditiva podem apresentar uma grande quantidade de defeitos como trincas, porosidade e empenamento. Um dos desafios dessa área é produzir ligas mais adequadas para esse processo. Outro desafio é compreender como as mais de 100 variáveis do processo de manufatura aditiva afetam as características microestruturais e propriedades das peças produzidas.

Há vagas de IC para a área? Se sim, existem pré-requisitos?
Sim, temos vagas para alunos de IC. Buscamos alunos motivados em aprender mais sobre manufatura aditiva de metais. Esses alunos devem ter menos de duas reprovações, boas notas, e, sobretudo, devem trabalhar muito bem em equipe, ser dedicados e responsáveis.


[Texto retirado da 18ª edição do Jornal A Matéria, disponível em: bit.ly/EdicoesAMateria]